A equipe de profissionais que realizou para a Fetec-CUT/CN a pesquisa sobre “Práticas de Gestão, Violência e Adoecimento pelo Trabalho em Instituições Financeiras”, coordenada pela psicóloga do trabalho Ana Magnólia Mendes, apresentou nesta quarta-feira 24 de setembro à direção da Federação e ao Coletivo de Saúde e Condições de Trabalho um relatório sobre os resultados iniciais do estudo, que apontam para um preocupante aumento dos adoecimentos físicos e mentais dos trabalhadores do ramo financeiro nas regiões Norte e Centro-Oeste, em razão dos modelos de gestão e atos de violência praticados pelos bancos baseados no medo, na violência e na intimidação.

“A pesquisa foi ampla e contemplou tanto a dimensão quantitativa quanto a qualitativa, por intermédio das clínicas do trabalho com colegas já adoecidos. Nosso objetivo foi conhecer as realidades específicas da categoria na região Centro-Norte, que é diferente do restante do país. E a pesquisa está mostrando que há diferenças em relação ao estudo realizado no ano passado pela Contraf-CUT”, explica Wadson Boaventura, secretário de Saúde e Condições de Trabalho da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN).

“A análise das respostas evidenciou que mais de 50% da amostra relatou agravos à saúde física e mental relacionados ao trabalho, vinculados às relações produtivistas e ao modelo de gestão baseado no medo, praticado pelas instituições financeiras. Tais condições têm contribuído para o adoecimento da categoria, reforçando a necessidade de ações sindicais para enfrentar esses riscos e a formulação de alternativas políticas que protejam a saúde e a vida dos trabalhadores”, revela no relatório parcial a psicóloga Ana Magnólia, professora da Universidade de Brasília e pesquisadora do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da UnB, a maior especialista brasileira nas relações de trabalho da categoria bancária.

Além de Ana Magnólia, a equipe que conduziu a pesquisa é formada pelos psicólogos do trabalho Emilio Peres Facas, Paulo Cesar Rodrigues dos Reis Filho e Arthur Pires.

Os resultados até agora indicam que o trabalho nas instituições financeiras do Centro-Norte é baseado em relações competitivas e produtivistas, com práticas de gestão impostas pelo medo, levando a atos de violência por meio da intimidação, humilhação e discriminação. Também mostram que os sintomas de adoecimento caracterizam-se por sentimentos negativos em relação a si mesmo e à vida em geral, por comportamentos de isolamento e dificuldades nas relações familiares e sociais e impactos sobre problemas físicos e psicossomáticos.

“Antes da divulgação oficial, os resultados da pesquisa serão agora apresentados e discutidos com todos os sindicatos da nossa base, para que a partir daí possamos desenvolver uma estratégia de comunicação com a categoria e definir ações concretas para combater e erradicar as causas dos adoecimentos dos trabalhadores do ramo financeiro”, explica Rodrigo Britto, presidente da Fetec-CUT/CN.

Fonte: Fetec-CUT/CN