SEEBPPMS - Sindicato dos Bancários de Ponta Porã e Região

FENAE FENAE
19 de Julho de 2024

Comissão dos Empregados vai apresentar à Caixa contraproposta para redução do equacionamento sem retirada de direitos

Em negociação, nesta sexta-feira (19), a Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa) irá apresentar à Caixa uma contraproposta para a redução do equacionamento sem a retirada de direitos dos participantes da Fundação dos Economiários Federais (Funcef). O documento foi elaborado com apoio da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), da Associação Nacional dos Participantes de Previdência Complementar e Autogestão em Saúde (Anapar) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT (Contraf-CUT).

“Os participantes não aceitam as propostas da Caixa que retiram direitos. A Caixa precisa assumir suas responsabilidades e resolver esse problema que impacta na vida dos empregados, pois a Funcef não tem competência para tratar sobre essas negociações. Por isso, a CEE/Caixa solicitou uma mesa, na Campanha Nacional, para tratar sobre os assuntos relacionados a Funcef”, informa Sergio Takemoto, presidente da Fenae.

Na contraproposta, dois pontos são considerados fundamentais: aumento da meta atuarial, que representa a rentabilidade mínima esperada para cada plano, e a solução para o contencioso. As entidades representantes dos trabalhadores defendem o aumento da meta atuarial de 4,5% (atuais) para 5,5%. Essa medida vai impactar no REG/Replan Saldado e também o valor dos benefícios futuros dos participantes que estão na ativa, incluindo os participantes do REB e do Novo Plano.

“Para os participantes do REG/Replan Saldado e Não Saldado, a diminuição da taxa significou um aumento do déficit, impactando ainda mais o equacionamento. Os participantes da ativa do Novo Plano e REB também sofrem as consequências, pois estão pagando um ‘equacionamento vitalício’ com a redução da taxa”, esclarece Takemoto.

O impacto da redução da meta atuarial nas reservas matemáticas do REG/Replan Saldado, realizada em 2017 pela Funcef, foi de mais de R$ 6,2 bilhões. “A taxa atuarial funciona como valorização de poupança. Para que o participante entenda melhor a meta atuarial é só pensar em uma poupança. Quanto menor a taxa de juros, menor será, futuramente, a rentabilidade desse valor de reserva”, exemplificou Antônio Braulio de Carvalho, diretor da Anapar.

Outra medida para solucionar o equacionamento, sem retirar direitos dos participantes, é a Caixa assumir sua responsabilidade pelo contencioso, que foi gerado ao longo dos anos por cobranças de direitos trabalhistas que são de responsabilidade da patrocinadora e têm impactado nos planos de benefícios.

A Funcef apresentou dados que indicam o valor das sentenças judiciais em que foi condenada e realizou pagamentos no lugar da Caixa, em ações trabalhistas. Nas condenações sofridas entre 2013 e 2023, o impacto calculado soma R$ 1,9 bilhão, consolidado nas rubricas judiciais de todos os planos. Mais de 71% desse montante refere-se ao REG/Replan Saldado, correspondendo a cerca de R$ 1,37 bilhão, dos quais mais de R$ 1 bilhão são de rubricas salariais.

Outros pontos da contraproposta

Caso não haja o fim no equacionamento, as entidades representativas propõem a atualização do prazo que permite uma redução no custo do equacionamento. De acordo com a pesquisa realizada pela Fenae, sobre a redução do equacionamento, os participantes consideram insuficiente a contrapartida da Caixa, que apenas antecipará sua parte sobre o equacionamento, contribuindo com 50% da conta (R$ 2,9 bilhões). A outra proposta sugerida pelas entidades é pela antecipação de parte do equacionamento da Caixa com valor de mercado.

Sobre a meta atuarial

A meta atuarial é um parâmetro de rentabilidade mínima dos investimentos. Trata-se do retorno necessário para que seja possível arcar com todas as obrigações previdenciárias dos participantes. A meta resulta da soma de um índice de inflação (INPC) mais uma taxa de juros, e se trata de uma das premissas utilizadas para analisar o total de recursos que uma entidade de previdência complementar precisa ter no presente para pagar os compromissos totais no futuro. Se a taxa de juros foi muito baixa, passa a haver a obrigação de haver mais recursos no presente.

Para exemplificar isto de forma didática, é possível observar o que está exposto no gráfico 1. No modelo, foram feitas simulações de investimentos de R$ 1.000 com rentabilidades distintas por um prazo de 10 anos. Depois deste período, um investimento nesse valor com rentabilidade de 5,5% ao ano proporcionaria um valor 10% (R$ 1.708), maior que um investimento com rentabilidade de 4,5% ao ano (R$ 1.553). O que acontece, portanto, no caso de uma entidade de previdência complementar, é que, se a taxa de juros for maior, é necessário haver um montante menor de recursos no presente, pois a previsão é que eles vão se valorizar mais rapidamente.

Gráfico 1 – Simulação de investimentos de mil reais com rentabilidades de 4,5% e 5,5% ao ano por período de dez anos

graficometaatuarial.JPG

Algo semelhante aconteceu com a Funcef. No ano de 2017, a Fundação reduziu a meta atuarial de 5,5% para 4,5%. Esta brusca diminuição custou cerca de R$ 6,2 bilhões de reais em reservas a serem compensadas apenas no plano Saldado, resultando no aumento do déficit e impactando o equacionamento. Com uma previsão de rentabilidade menor, os participantes da Funcef tiveram que compensar esta perda aumentando os recursos naquele momento.

Encontre mais notícias relacionadas com os assuntos

Filtrar Notícias pelo assunto:FuncefFenaeCaixa