Câmara aprova nome de escritora Carolina Maria de Jesus no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria
“Sem nada, sem recurso, sem escolaridade, sem ninguém acreditar, ela foi lá e produziu ciência literária". A fala, sobre a escritora Carolina Maria de Jesus (1914-1977), é da deputada federal Erika Hilton (Psol-SP), autora do Projeto de Lei 773/24 para que a escritora negra mais importante do país seja incluída no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.
O PL foi aprovado na Câmara dos Deputados, na semana passada e, agora, segue para apreciação no Senado. A obra mais conhecida de Carolina de Jesus é "Quarto de Despejo: Diário de uma favelada", de 1960, traduzido até hoje para 13 idiomas e distribuído em mais de 40 países.
Na época em que o livro foi publicado e vendeu mais de 10 mil exemplares em uma semana, a escritora vivia na favela do Canindé, zona central da cidade de São Paulo (SP), onde passou a maior parte da sua vida, sustentando seus três filhos como catadora de papéis. “Se isso não é um exemplo à Nação, o que será?”, questionou a parlamentar Érika Hilton, ao defender seu pedido na Câmara. "Reconhecer Carolina Maria de Jesus como uma Heroína da nossa Pátria é fazer justiça com sua história e o que ela representa para a literatura, para as mulheres negras e o nosso povo, que assim como ela, é cotidianamente excluído e marginalizado em nosso país", celebrou a parlamentar após a aprovação do PL.
"É um marco essa aprovação no período dos '21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher' que começou em 20 de novembro (Dia da Consciência Negra) e terminará em 10 de dezembro (Dia Internacional dos Direitos Humanos", avalia o secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar, que também celebrou a notícia. “Foi uma decisão acertada da Câmara federal. A Carolina Maria de Jesus merece estar no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, assim como estão Abdias do Nascimento, Adhemar Ferreira da Silva, Antonieta de Barros, Chico Mendes, Dandara e Zumbi dos Palmares. Porque a construção da nossa sociedade foi muito dura, com muito preconceito, com muito racismo e nós temos muitos heróis que lutaram contra isso, que merecem ser reconhecidos e homenageados", conclui Almir.
Leia também: Tentativa de barrar homenagem a João Cândido expressa ressentimento das elites, diz Almir Aguiar
Encontre mais notícias relacionadas com os assuntos