Caixa deve abrir dados sobre “calote bilionário”, defende Fenae
Para a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), a denúncia é gravíssima e precisar ser apurada com rigor. “Defendemos que a Caixa abra esses dados para a sociedade. Como, representantes dos trabalhadores, sempre defendemos transparência e lisura na gestão do banco”, ressalta o presidente da entidade, Sergio Takemoto.
No ano passado, quando as linhas de crédito foram lançadas, a Federação questionou as reais intenções do governo e da direção da Caixa com operações de crédito tão arriscadas para credores em situação de grande vulnerabilidade, como era o caso dos negativados, e para o banco público.
O presidente da Fenae analisou como temerária atuação da gestão da estatal, uma vez que considerável volume dos empréstimos poderia resultar em prejuízo à Caixa. “Geram-se resultados artificiais que vão estourar no próximo governo”, afirmou Takemoto. “É, portanto, uma política que pode estar abrindo espaço para uma bomba de efeito retardado”, disse à época.
Segundo a reportagem do UOL, duas medidas assinadas por Bolsonaro e o ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães, em março de 2022, implicaram na liberação de R$ 10,6 bilhões para 6,8 milhões de pessoas.
Uma das linhas era de microcrédito para pessoas negativadas. “Até as eleições, a Caixa emprestou R$ 3 bilhões no programa, chamado de SIM Digital. Mas muito pouco desse dinheiro retornou. A inadimplência chegou a 80% neste ano, segundo a atual presidente do banco. Parte do rombo deve ser coberto com verbas do FGTS”, relata a reportagem.
A outra MP liberou empréstimos consignados ao Auxílio Brasil. Segundo UOL entre o primeiro e o segundo turno das eleições, a Caixa liberou R$ 7,6 bilhões. “Mais de 100 mil devedores foram excluídos do Bolsa Família este ano e o pagamento das parcelas do crédito é incerto”.
Uol cita ainda que para atender as medidas provisórias de Bolsonaro, a Caixa precisou reduzir seus ativos de alta liquidez. “No final do ano eleitoral, o montante chegou a R$ 162 bilhões — R$ 70 bilhões a menos que no ano anterior. É o volume mais baixo da série histórica, iniciada em 2017”.